Viagem a Rikhia e ao mundo interno -2012

Esse ano tive o prazer de ir mais uma vez para a India, desfrutar da vida de ashram!
Cansada de fazer turismo na India, e quase convencida pela minha intuição que eu deveria ir, mesmo sem saber direito porque, embarquei na idéia de que meus queridos amigos e professores (Anderson, Fernando e Mari), iriam fazer um curso e resolvi ir também. No começo me pareceu absurdo ir de novo, mas não me convenci do meu próprio não. Apesar de existir o curso como algo de concreto a fazer, resolvi que dessa vez seria pontual: ir ao ashram, estudar e voltar, sem maiores estripulias!! Ainda no avião, a sensação era de que eu havia sido chamada sem saber por quem e sem nenhum motivo aparente! Ao mesmo tempo estava feliz em poder voltar, uma sensação maluca de ir para um lugar tão longe, sentindo que estava apenas sendo levada. Minha mente se conformou que o curso era o motivo principal, afinal de contas, racionalmente eu iria lá para isso.
Fui decidida a ir fazer o TTC Course (Teacher Training Course) em Rikhia, na Bihar School of Yoga, uma formação em Satyananda Yoga. Simpatizante da técnica, achei que pudesse ser interessante, e foi!
Devo admitir que mesmo rodiada de pessoas, a experiência no ashram é um tanto quanto pessoal! E em muitos momentos tive a nítida vontade de entrar em um casulo...talvez tenha entrado mesmo, e nem tenha percebido! Em outras horas, a vontade era sair andando. Pra onde? Sei lá! Talvez sair andando de tudo que me prende, e que acaba com a gente de pouquinho, sabe? Talvez dos próprios padrões criados pela mente! Como a mente cria...
Sinto uma extrema dificuldade em relatar fatos do mundo externo,  onde e como dormimos ou comemos, detalhes do curso e coisas do tipo, talvez porque tenha sido tudo perfeito quanto a esta parte. Quando paro para pensar no que vivi, tenho muito mais impressões internas do que externas.
Em um primeiro momento as sensações foram bem engraçadas.  A experiência de voltar para um lugar não habitual depois de um tempo, é bem diferente. Fazendo um comparativo, me senti muito melhor! O próprio lugar pode ter mudado em alguns aspectos, mas com certeza não foi só o lugar! Depois de alguns dias, mergulhando no mais profundo do meu ser, as sensações foram mudando! E agora depois de um tempo, retomando os acontecimentos, pude perceber que vivi algumas fases lá dentro, e foi exatamente como um começo, meio e fim.
Não sei se sou profunda demais, ou se quando me proponho a fazer algo, mastigo a experência e vivo com meus poros, ou se tudo isso acaba sendo uma forma exagerada de viver a vida! Mas devo admitir, que senti como se meu mundo interno estivesse sendo revirado! Oscilando em uma montanha russa de altos e baixos, felizmente muito mais altos do que baixos! Se eu fosse relatar todos os meus insights, ficaria aqui escrevendo um livro, e com certeza seria muita exposição!
Senti a cada minuto o poder da observação, e como muitas vezes as palavras são tão pobres diante da riqueza das experiências. Nao há nada concreto na vida de ashram que te leve a isso, mas incrivelmente você para pra observar seus padrões habituais e o modo como se comporta em cada situação. Isso vem seguido de lembranças e sensações, e como num passe de mágica você toma consciência de um lado obscuro, e sabe exatamente o que deve ser mudado! Talvez umas cem sessões de terapia não pudessem fazer tanto por mim, quanto vinte e cinco dias em um ashram!
É impressionante como a forma de vida que adotamos hoje em dia nos afasta desse contato interno profundo! Existe um mundo em cada um de nós e muitas vezes o ignoramos completamente. Não que em algum momento eu tivesse me perdido, mas na loucura do dia a dia, a gente se esquece  muitas vezes de quem somos nós, "esquecemos de abrir a porta do porão". Esquecemos do lado sagrado da vida!
Diante de tudo isso, me sinto absolutamente privilegiada, agradecida e contente por poder ter tido uma experiência tão enriquecedora!
O curso foi excelente, não só pelo conteúdo em si, mas também por ter a oportunidade de aprender na fonte, com a energia de todo o ashram.
Talvez me faltem palavras para descrever esse período curto e profundo. Só tenho a agradecer pela luz e consciência!
Namo Narayan!