INDIA parte 1

Porta da sala de prática
Enquanto estive na India entre os dias 20 de dezembro de 2010 e 18 de janeiro de 2011, enviei alguns emails para amigos e familiares, e faço questão de compartilhar aqui:


Salve, salve India que nos inspira a cada momento...no riso e no choro, na prece calada, na angústia apertada, nos olhos de lágrimas, nas palavras sábias, no incenso, na vela, na buzina ou no mantra. Salve salve India de olhares compassivos, de gente simples, de alegria expressa no sorriso humilde!
Sento na frente do computador, depois de quase 20 dias de India, e não sei como começar a contar as experiências até aqui. Tentarei fazer um resumo, mas qualquer tentativa será limitada. A India não é algo que se experencia com o racional, mas com o coração.
Chegamos em Delhi ( eu e Mari, minha amiga, professora e companheira de viagem) e tive a sensação de estar chegando em casa, meu sorriso indo de orelha a orelha e aquele cheiro de India, que só sabe quem já esteve aqui um dia. Encontramos o Anderson e o Fernando (meus professores e amigos queridíssimos) em Delhi em um hotel delícioso, e passamos dois dias passeando e comprando algumas coisinhas para a viagem que nos esperava. Pegamos o trem com destino a Rikhia, que durou 22 horas...senti a India entrar nos meus poros, no meu estômago...um mix de alegria e desespero, um mix de angústia e contentamento!! Foi duro, confesso, mas chegamos. Pegamos um táxi até a Bihar School of Yoga , minha cabeça explodindo...e com as malas ainda no chão, fomos direto para o começo do curso de Kriya Yoga e Tattwa Shuddhi...muitas pessoas de muitos países diferentes e eu só pensava em descansar. Felizmente nos acomodaram em um quarto com banheiro, só eu e a Mari. Ufaaaa. Tomei um banho gelado, sendo que estava muito frio, e naquela altura eu ainda não tinha prática com a canequinha e com a água gelada...mas foi a melhor coisa do mundo e dormi. Dia seguinte já estava tudo bem, o curso começou de forma bem interesante, a professora era uma swami da Austrália (Sw. Yogakhanti), com uma calreza de pensamento e um inglês brilhante!!! Comecei a ter que aprender a comer com a mão...Não, eu não levei talheres e desenvolvi essa habilidade...o mais difícil era arroz com molho, mas dava tudo certo!! Nesse periodo, tivemos que fazer Karma Yoga, o yoga da ação consciente, onde nesse contexto você exerce seva,um trabalho desprovido de interesses pessoais. Minha função era limpar, com mais um monte de gente do curso, a sala onde tínhamos as aulas. Um poeira indiana nos tapetes e cobertores sem fim...passava a vassoura com um cabo minúsculo, e depois o pano molhado no chão, com a mão, no maior estilo indiano de faxina. No primeiro dia, o relacionamento com pessoas de outras culturas foi um pouco tenso...mas tentei me manter centrada. Nos outros dias, o clima estava bem melhor e as pessoas sorridentes.
Bom, o curso foi mais do que ótimo...e seria dificil tentar explicar a experiência profunda que tive com a vivência de uma das técnicas.
Bom, não posso deixar de falar que tive a oportuna experiência de conhecer a Swami Satsangi. Essa experiência foi riquissima e muito inspiradora. Apenas a sua presença e suas palavras já faziam meus olhos cheios de lágrimas. Palavras que tocaram profundamente meu coração, e de tamanha simplicidade e clareza se tornaram grandiosas. A energia transbordante que ela transmite é algo que mais uma vez, ficaria bem difícil de expressar em palavras. Fico muito feliz que ela estará em agosto no Brasil, e acho que seria uma oportunidade de todos vocês conhecerem. Recebi também uma iniciação com meu mantra e meu nome (Shantam). O nome quer dizer muito sobre a essência da pessoa em questão, mas algo que ainda precisa ser trabalhado. O meu nome no caso significa algo como a " Paz interna".
Bom, depois de tudo isso...Com o coração explodindo, fomos a Munger, onde está instalado um outro ashram da Bihar School. Lá o seva (trabalho) era um pouco mais ameno, mas a quantidade de pessoas no ashram era muuuuuito maior. Ficamos com dez pessoas no quarto, banheiro no corredor e água gelada no banho e não podíamos sair do ashram. Nada impossível de ser vivido, mas que em muitos momentos me faziam resgatar uma força interna guardada para "momentos especiais". Como era um Yoga Satsang Week, tivemos a oportunidade de praticar todos os dias "Satyananda Yoga", e participar de vários satsangs com o Swami Niranjan. Experenciei seus ensinamentos muito mais racionalmente do que emocionalmente, e suas palavras passavam antes pelo meu intelecto, uma outra forma de entendimento.
Senti um contato muito grande com meu lado sombra, mais uma vez um mix de alegria, e algumas vezes um irritação profunda e ao mesmo tempo um insight observando o quanto amo muito a vida que eu tenho e todos ao meu redor!